15.12.20

As cartas que eu não mando.

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Bo, 

Eu sinto que você não faz ideia do tamanho do medo que eu sinto de você. Não de você especificamente. Droga. Você sabe o quanto eu sou ruim em me expressar. Me dê um segundo.

Eu sou absolutamente aterrorizado pelo que eu sinto por você. E é ridículo, Bo. É tão ridículo. Eu tremo dos pés à cabeça só de te ver trocando as plantas de lugar na calçada, coberta de terra até os cotovelos, suando bicas. Eu me sinto imbecil só de escrever isso. 

E eu não sou assim, Bo, eu nunca fui. Eu não hesito antes de apertar a campainha, eu não fico tentando diferenciar um ataque cardíaco de nervosismo, eu não gaguejo o tempo inteiro e eu definitivamente não escrevo cartas. Eu não tenho nem papel pautado. 

Mas aí eu te vejo parada apoiada na porta da loja e eu preciso me esconder no banheiro porque eu morro de medo. É que nem um repelente, você. Me desculpe por te chamar de repelente. Na realidade eu me sinto muito atraído por você. É por isso que eu fujo... (???)

Eu tenho medo de te afastar, é isso. Que o fato de eu estar por perto, e ser eu, te faça ir embora. Então, sei lá. Prefiro te ver de longe do que não te ver mais. 

E eu - eu gostaria de não hesitar quando você oferece a mão pra mim. Eu gostaria de não procurar em cada canto do meu cérebro uma desculpa para não ir à padaria dos Choi com você no final da tarde. Mas eu não consigo, Bo, eu fico tão assustado.

Não é culpa sua. Você é um sol tão brilhante; eu não sei por que me sinto congelado. Só de pensar em te fazer sorrir, te ver rir por minha causa, Bo... sei lá. É demais pra mim. E mesmo assim eu quero, quero e quero. Me diga como parar de querer. Por favor.

Por favor. 

Absurdamente apavorado,
Chris.

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